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quinta-feira, 23 de junho de 2011

SEM SAÍDA

Com 1,88m de altura, sempre tive o costume de chegar bem cedo aos aeroportos, para pedir um lugar na saída de emergência. Ultimamente, na TAM, esse hábito já não me serve de mais nada, pois as fileiras de emergência viraram uma espécie de “primeira-classe” para nos voos domésticos. Na verdade, essa prática já existe desde o ano passado.

E, obviamente, esse “luxo” tem um preço. No caso da TAM, “custa mais 20 reais, senhor”. Mais que isso, a TAM deu até um novo nome a esses lugares deixando bem claro que, agora, eles são diferenciados dos demais. Por esses vinte reais, você tem o privilégio de acomodar-se (não tão) confortavelmente no ASSENTO-CONFORTO.

Não sou hipócrita de falar que o maior espaço para as pernas, que, no meu caso, não são pequenas, não era a principal razão pela qual EU pedia para para ficar na saída de emergência, mas qual seria a principal razão para que ELA, a SAÍDA DE EMERGÊNCIA, exista? Ainda, qual a principal razão de haver mais espaço entre as poltronas na fileira da saída de emergência? Não seria a segurança de passageiros e tripulantes?

Certamente, a determinação para que houvesse mais espaço entre tais fileiras, por parte da OACI (ou ICAO, na sigla original, em inglês), não teve a intenção de me dar mais conforto, ou a qualquer outra pessoa de porte mais “avantajado”, como se referiu um comissário da TAM, em um dos voos que eu peguei, essa semana, em quatro voos diferentes entre Rio e Londrina, via Curitiba.

Para ser sincero, mesmo sabendo a determinação da empresa paulista, eu só peço, de propósito, assumo, para ouvir qual a desculpa que os comissários vão usar. Pelo menos, duas respostas foram bem sinceras: “... tem que pagar, mas, se o senhor se sentar lá, não vou tirá-lo. Mas eu sou instruído a dizer que precisa pagar, para ver se, da próxima vez, o passageiro compra...” e “infelizmente, a gente sabe que a filosofia da companhia sempre foi 'lucro em primeiro lugar'”. Aliás, logo depois de ouvir isso, ainda antes de decolar, começa o vídeo institucional da TAM, antes das instruções de segurança, em que Maria Cláudia, que preside o conselho da empresa, diz que a TAM está sempre “numa busca de maior respeito”. Além de não ver esse respeito, juro que eu gostaria que a TAM também tivesse uma busca por maior segurança, ainda mais por se tratar de uma empresa com um histórico de acidentes graves que não é tão pequeno.

Nos Estados Unidos, por exemplo, comissários e agentes de aeroportos, praticamente, imploram por pessoas que TENHAM CONDIÇÕES de ficar em um desses lugares. Além de não permitir que se cobre um cent a mais por isso, a legislação americana determina que o passageiro tenha mais de 18 anos, fale inglês com fluência suficiente para entender e repassar instruções de segurança e sinta-se APTO a operar, se necessário, uma dessas saídas de emergência.

As empresas brasileiras já vinham adotando a política de cobrar por lanches e por mais espaço entre as poltronas, no caso da Azul, nas primeiras fileiras. Por mais "mão-de-vaca" que seja, ainda não é nada que afete a segurança de passageiros e tripulantes, mas a política da TAM é sacanagem. E, o que é pior, conta com a conivência da ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil, responsável pela regulamentação dos serviços aéreos no Brasil. A ANAC é, no mínimo, omissa.

De qualquer forma, me sobra o alento de saber que em julho, quando estiver fazendo a conexão com o meu grupo, entre Dallas e Orlando, não ouvirei um “custa mais 20 dólares, senhor”, mas um “Claro, senhor! E o senhor poderia nos indicar mais alguém maior e que fale inglês?”. Lá, é a filosofia do “safety first”, não do “lucro em primeiro lugar”.

Beijos, abraços e até a próxima.

Um comentário:

Rose Carreiro disse...

E se antes a gente tinha de explicar pro passageiro que o assento de emergência só poderia ser marcado no check in, agora ainda tenho que informar lamentavelmente que ele terá de pagar por isso. Não bastasse a taxa de serviço pra quem compra por agência...daqui a pouco a TAM entra na onda Webjet e cobra a água também.

Adorei o blog.